Desde que Goeff Johns assumiu a difícil tarefa de reformular o Aquaman em O Dia Mais Claro, e torná-lo um personagem respeitável, o herói recebeu um semblante sisudo e quase mau-humorado. Porém, na novarevista mensal do Rei dos Mares, esta característica será mescladas ao humor e aos mesmos elementos que o tornaram motivo de chacota na última década.
“O humor vem do personagem”, disse Johns em entrevista concedida ao Newsarama e referindo-se às piadas que surgiram em relação ao Aquaman nos últimos anos. “Quero que este humor seja mais alinhado ao personagem nesta nova abordagem e fazer com que este humor seja mais sobre nossos personagens, especialmente agora que os estamos reapresentando a todo mundo.
De acordo com o escritor, a intenção é realizar uma abordagem que seja guiada por e respeite as características do herói, ao mesmo tempo em que permite que o humor surja em ocasiões nas quais ele interage com outros personagens do Universo DC, sejam estes heróis, vilões ou mesmo civis. Deste modo, o Aquaman visto em O Dia Mais Claro será mantido e estará presente na maior parte das histórias da série, mas eventualmente ele será alvo de piadas. O melhor exemplo disto acontece em Aquaman nº 1 no qual, após deter criminosos em fuga, ele se torna motivo de chacota pelos policiais. Em outras palavras, ele será um personagem “fodão”, mas eternamente zoado.
“Ele é subestimado por todos, com exceção de Mera”, explicou Johns. “Equilibrar a percepção de quem é o Aquaman, e tentar quebrá-la, é a missão desta série. Certamente não nos tornaremos ridículos, mas teremos alguma diversão. As estacas são reais. As Fossas são sujas. As coisas que ele encara são realmente robustas e sérias. Mas, ao mesmo tempo, não quero fugir da percepção sobre ele. Tenho lido mutos quadrinhos com o Aquaman e algumas vezes eles realmente vão na jugular quando querem fazer algo legal com ele”, disse o escritor. “E eu acho que o Aquaman é legal. Não é preciso muito trabalho para fazê-lo legal. Mas, o que você precisa fazer é perceber que as pessoas não o acham legal e simplesmente aceitar isso. O objetivo é encontrar um bom equilíbrio, não fugir de tudo o que as pessoas acham do Aquaman.”
Johns explicou que pretende, de fato, fazer algo diferente com o personagem, e que se fosse simplesmente para mostrar um relançamento no qual este surgisse, mais uma vez, derrotando o Arraia Negra, por exemplo, não o faria. “Quero ser desafiado e quero fazer algo diferente. E Aquaman é muito diferente de qualquer outra coisa que eu esteja fazendo neste momento, e acho que diferente de qualquer coisa que a DC esteja fazendo”.
Talvez este pensamento explique a sutil alteração sofrida na forma de Johns contar sua história. Em Aquaman ele abandona o uso excessivo de narrativas e mostrará um relacionamento mais dinâmico entre os personagens.
Na visão do escritor, Aquaman é alguém que tem muitas obrigações pesando sobre seus ombros, e elas comporão um dos temas da série. “Aquaman é aquele cara que, em terra é ridicularizado por todos. Mas, no oceano acreditamos que ele seja o rei de uma vasta sociedade subaquática”, explicou. “Então, há uma estranha justaposição entre estes dois papéis. Ele prefere estar em terra, e seu trabalho é proteger a terra do mar e o mar da terra. Deste modo ele está, literalmente, preso no meio destes dois mundos.
Johns aposta que qualquer leitor será capaz de se identificar com o Aquaman e de admirar sua qualidade em se fortalecer ao mesmo tempo em que tem que cuidar dos negócios. Além disso, o escritor explica que Arthur é um personagem que não deixa que o que digam a ele o impeça de fazer o que for necessário, e isso agradará a muitas pessoas.
Embora não tenha dado informações sobre planejamentos a longo prazo para o herói, o escritor afirmou que ele e Mera, que serão o centro da série, inicialmente estarão envolvidos com uma investigarão a respeito do afundamento de Atlântida e da identidade do responsável. Aquaman nº 1 será focada em Arthur, enquanto Mera só ingressará na edição seguinte. A Rainha dos Mares terá uma edição inteiramente focada nela, mas somente alguns meses após o início do título, em Aquaman nº 6.
Dois novos personagens serão incluídos ao elenco de apoio em
Aquaman nº 3 e
nº 4, os quais, segundo Johns, “serão diferentes de qualquer um com quem Aquaman tenha interagido antes.” Além deles, coadjuvantes conhecidos como Aqualad e Aquagirl também surgirão na série.
Dentre os vilões, o escritor revelou que os conhecidos Arraia Negra, Mestre dos Oceanos e outros, surgirão nas páginas da série, bem como novos malfeitores. Em especial, um obscuro inimigo do Aquaman ressurgirá na revista, e ele terá o mesmo peso que o Mão Negra teve na série do Lanterna Verde.
Johns explicou ainda que personagens do Universo DC poderão fazer aparições na série, mas não com frequência e muito menos no início. “Vocês o verão interagindo com o Universo DC em Justice League. Mas, por ora, não há planos para convidados em Aquaman. Esta é uma revista do Aquaman”, disse.
Por fim, o escritor afirmou que, assim como em outros títulos pelos quais passou, ele pretende permanecer por bastante tempo em Aquaman e revelou ter vários arcos planejados. Sua passagem pela série, segundo ele, faz parte de um planejamento maior.
Em sua maioria, a reformulação do Universo DC vem apresentando núcleos criativos e ideias que poderiam ir direto da gráfica para o lixo. Outras - somente algumas – são neutras e merecem o benefício da dúvida. Mas, muito poucas revelam-se imediatamente promissoras. É o caso de Aquaman, que apresenta uma equipe criativa que já se mostrou competente por mais de uma vez e que agora se compromete a desenvolver um personagem muito interessante.
Com certeza, a abordagem dada a Arthur é uma das únicas coisas boas da DC atualmente e, sem dúvida, a série será um sucesso. Porém, depois que o personagem tiver ganhado peso na editora, espero que todos os leitores que, motivado pela opinião de outros, ficavam criticando o personagem, ainda mantenham sua posição. Afinal, ficar do lado de quem está ganhando é fácil, né? E acredito que o Aquaman se provará um grande campeão nos próximos anos.